Agressividade: O sinal que fez com que Mariana parasse de sofrer abusos sexuais

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Mariana*, aos 14 anos, aparentava ser uma adolescente agressiva na escola. Nenhum colega podia encostar nela que já queria agredi-lo. Se durante alguma atividade física, algum menino esbarrasse na jovem, Mariana já o empurrava e começava a chorar. Ninguém entendia o que acontecia e sua mãe não sabia explicar o comportamento inadequado da filha com os colegas.

Até que certo dia, a escola resolveu realizar um trabalho sobre saúde sexual e reprodutiva com os alunos, com o objetivo de abordar a temática e fazê-los disseminar para outros adolescentes. No trabalho, Mariana foi escolhida para apresentar o tema durante uma peça teatral na escola, na qual ela se recusou a fazer.

“Não entendemos, porque ela era participativa, tinha iniciativa e ajudou nas demais peças”, relata Fabíola*, coordenadora pedagógica da escola.

Ao estranhar o comportamento da aluna, os professores resolveram passar documentários sobre o assunto, levando a abordagem para as salas de aula, até que Mariana começou a chorar durante o filme, relatando, inclusive, que não queria mais ir à escola. Visto a gravidade, a menina foi levada para conversar com a coordenadora que, pacientemente e com muito diálogo, conseguiu que Mariana relatasse o que estava acontecendo.

Sua mãe era auxiliar de limpeza e às sextas-feiras, sábados e domingos, dormia no emprego para realizar seu trabalho. Durante esses dias, Mariana sofria abusos sexuais de seu pai, que ameaçava bater nela e na mãe caso contasse para alguém o que ocorria. Com medo, Mariana guardava o segredo a sete chaves, temia pelo o que poderia acontecer.

Sempre que sua mãe voltava, a sentia quieta e triste, mas como a filha nunca relatou nada, não dava tanta importância.

O tempo foi passando e os abusos foram ficando cada vez mais intensos, até que ocorreu o estupro. Mariana não aguentava mais a situação e começou a demonstrar na escola a agressividade que sofria em casa.

“A gente sentou, conversou e daí ela me contou toda a verdade”, diz Fabíola, que ao descobrir sobre as violações, de imediato acionou a rede de proteção para conseguir oferecer suporte para a família e, principalmente, para Mariana.

“Foi quando trouxemos a família para cá, para ela [mãe] entender qual era o nosso objetivo, o porquê estávamos trabalhando aquilo e disse que nós tínhamos algo para falar sobre a filha e o porquê ela tinha mudado o comportamento”, completa.

No início, a mãe de Mariana não conseguia acreditar que o companheiro seria capaz de tamanha atrocidade. Foram dois anos até que a separação ocorresse. Assim que entendeu a gravidade da situação, se sentia culpada por tudo o que a filha passou.

Em paralelo, a escola continuou com o encaminhamento do caso e Fabíola só descansou depois que enviou todos os relatórios para os órgãos competentes.

Atualmente, Mariana e sua mãe passam por tratamento psicológico e psiquiátrico para minimizar a depressão desenvolvida. A mãe, em um ápice de estresse pelo ocorrido, chegou a perder a visão de um olho, após ter a pressão alterada pelo estado emocional. Mesmo diante de todo o trauma vivenciado, as duas decidiram, juntas, escrever uma nova história.

Mariana nunca vai esquecer o que passou e carregará as consequências da violação para a vida toda. Mas sabe que ‘passo a passo’ pode ser feliz novamente.

* Nomes e imagens alterados para preservar as identidades dos envolvidos.

Todos os dias, 40 crianças são vítimas de abuso sexual no Brasil. Todos somos responsáveis por mudar este cenário. Fique atento ao comportamento das crianças e se desconfiar de algo, denuncie. Participe da campanha! #PODESERABUSO.

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